PRÁTICA PROFISSIONAL
SUPERVISIONADA
A minha prática profissional supervisionada está a decorrer na ESMAVC – Escola Secundária Maria Amália Vaz de Carvalho –, Lisboa, com as turmas 10º M e 10º L na disciplina de Desenho A. Foi
nesta escola que desenvolvi a minha primeira experiência profissional como professora neste contexto (ensino formal), no ano letivo 2009-2010. Agora, (re)encontro-me a aprender na prática, novamente nesta escola, mas de
uma forma mais metódica e acompanhada pela teoria e pela reflexão, mais
consciente, menos meramente intuitiva.
O
tema central da unidade didática que vou pôr em prática é o desenho, um desenho
que ocupa o espaço, habita o espaço em vez de habitar a superfície do papel.
Embora valha em si, por si, a unidade insere-se no projeto a ser desenvolvido
pelos alunos em conjunto com a sua
professora (minha cooperante), no qual a minha intervenção tem vindo a ser
gradualmente integrada, através da observação de aulas, da cooperação no
acompanhamento dos alunos, do conhecer os alunos.
Como professora, penso que devemos estar conscientes de que estamos a ajudar a formar possíveis futuros artistas e, por isso, devemos estar seguros na transmissão dos conhecimentos e conceitos próprios da arte, dos elementos estruturais da linguagem plástica, dos fenómenos da perceção visual e da importância do que é perceber o que estrutura a realidade, visualmente e concetualmente falando. É desejável que os alunos tenham consciência dos meios e processos possíveis para que, no ato criativo, se projetem mais além. Desenvolvo o meu trabalho didático sempre tentando que os alunos percebam que são criativos, que poderão vir a ser artistas, pelo que deverão estar familiarizados com processos e práticas envolvidos na criação de um projeto artístico. Faço-o como se estivesse, eu própria, a criar. Isto é, no decorrer do meu trabalho como professora estudo, pesquiso, uso os meus conhecimentos acerca do desenho, da pintura, das artes plásticas e do processo de construção de um trabalho artístico, fundamentado, tentando projetar e agir para a compreensão dos sentidos e dos conceitos que quero dar a entender, dos objetivos que petendo que os alunos alcancem.
Como professora, penso que devemos estar conscientes de que estamos a ajudar a formar possíveis futuros artistas e, por isso, devemos estar seguros na transmissão dos conhecimentos e conceitos próprios da arte, dos elementos estruturais da linguagem plástica, dos fenómenos da perceção visual e da importância do que é perceber o que estrutura a realidade, visualmente e concetualmente falando. É desejável que os alunos tenham consciência dos meios e processos possíveis para que, no ato criativo, se projetem mais além. Desenvolvo o meu trabalho didático sempre tentando que os alunos percebam que são criativos, que poderão vir a ser artistas, pelo que deverão estar familiarizados com processos e práticas envolvidos na criação de um projeto artístico. Faço-o como se estivesse, eu própria, a criar. Isto é, no decorrer do meu trabalho como professora estudo, pesquiso, uso os meus conhecimentos acerca do desenho, da pintura, das artes plásticas e do processo de construção de um trabalho artístico, fundamentado, tentando projetar e agir para a compreensão dos sentidos e dos conceitos que quero dar a entender, dos objetivos que petendo que os alunos alcancem.
PARTE I | Acompanhamento da Unidade Representação de um Objeto Natural
Numa primeira Unidade, intitulada Representação de um Objeto Natural, os alunos desenharam troncos à vista. Trabalhou-se a capacidade de ver relações de proporção, de representar de forma realista, de estruturar um desenho, de usar a linha e os valores de luz e sobra para definir formas, de representar texturas, de utilizar materiais atuantes como as grafites, marcadores, canetas, tinta da china e algumas técnicas mistas, apartir do desenho do visível. Depois criaram-se composições a partir desses desenhos, Representações Expressivas, em que a cor e outros materiais além dos inicialmente utilizados, estavam presentes: trabalhou-se a linha, em diferentes tipos, como elemento gráfico expressivo, a transformação, outras potencialidades de utilização dos materiais, a cor, a simplificação por nivelamento e por acentuação, o recorte, a colagem, a mancha e a composição de todos estes elementos de expressão para criar uma representação que foi o culminar dos processos individuais dos alunos ao longo dos vários exercícios.
A minha intervenção neste processo foi como assistente. Além de ir dando sugestões aos alunos a pertir das questões que eles próprios me foram colocando, fui percebendo como a dinâmica das aulas era gerida pela professora, de forma cada vez mais impercetível, à medida que os trabalhos iam avançando.
Participei ainda na montagem de uma exposição destes trabalhos, que foi feita em conjunto com os alunos e que me permitiu uma aproximação maior aos mesmos, gerada pelo trabalho colaborativo.
PARTE II | Acompanhamento da Unidade Retratos do Conhecimento
No
segundo período, foi proposto e apresentado aos alunos o projeto Retratos do Conhecimento, criado no
âmbito de Desenhos: DinâmicasTransdisciplinares, para os alunos do 10º ano. O projeto visa que os alunos
criem retratos de personalidades femininas (tal como a patrona da escola, Maria
Amália vaz de Carvalho), que tenham sido importantes ao longo da história,
essencialmente por descobertas e contributos ao nível das ciências, tentando-se
dar-lhes assim a visibilidade merecida. O intuito é tornar esses retratos
visíveis para toda a comunidade escolar, pelo que se traduzirão em intervenções
nos espaços da escola, intervenções que serão como peças de ‘arte urbana’. Este
é um projeto transdisciplinar, na medida em que os alunos de artes estão em
diálogo com as ciências, nas suas pesquisas para a representação destas
personalidades; e também na medida em que poderá ser um projeto mais cativante
para outros atores da comunidade escolar, abrindo-se assim uma porta ao
interesse dos demais pelas artes visuais e pelo seu papel na sociedade e na
cultura escolar. O projeto Retratos do
Conhecimento foi concebido para que os alunos desenvolvam um processo
pessoal de representação de individualidades particulares, de um modo que pode
não ser realista ou até figurativo. Trata-se de um retrato para descobrir e
aprofundar conhecimentos acerca de determinadas personalidades; conhecimentos
que serão partilhados com a comunidade escolar através de processos de criação
artística, numa perspetiva de sincronia com o que se faz atualmente em arte,
pelo que muitos processos poderão ser explorados, com resultados
consequentemente díspares, de aluno para aluno.
A minha contribuição nesta unidade começou logo no momento em que foi proposto o projeto, fazendo uma abordagem ao desenvolvimento do retrato ao longo da História da Arte, desde tempos mais remotos até aos nossos dias, na tentativa de que os alunos aprofundassem mais os seus conhecimentos e efetivamente vissem obras de arte e pensassem acerca do seu significado e sentido na época em que pertencem.
Esta intervenção constituiu uma verdadeira mostra de retratos, acompanhada do questionamento aos alunos, no sentido de se pensar como o que produzirão deverá ter um sentido artístico que traga algo de novo ao seu contexto...
A minha contribuição nesta unidade começou logo no momento em que foi proposto o projeto, fazendo uma abordagem ao desenvolvimento do retrato ao longo da História da Arte, desde tempos mais remotos até aos nossos dias, na tentativa de que os alunos aprofundassem mais os seus conhecimentos e efetivamente vissem obras de arte e pensassem acerca do seu significado e sentido na época em que pertencem.
Esta intervenção constituiu uma verdadeira mostra de retratos, acompanhada do questionamento aos alunos, no sentido de se pensar como o que produzirão deverá ter um sentido artístico que traga algo de novo ao seu contexto...
Esta
unidade, Desenhar no Espaço, foi criada de modo a que se trabalhem, de forma integrada, diferentes processos, outras formas de fazer
desenho, mais atentas ao próprio desenho – e independentes do retrato. Esta
experiência servirá também para que os alunos consigam reforçar o sentido do
que lhes é proposto e do que irão construir, ou compôr, no espaço, no âmbito da
disciplina de desenho.
(De acordo com o programa de
Desenho A, 10º ano, 2001:)
Finalidades
•
Desenvolver as capacidades de observação, interrogação e interpretação.
•
Desenvolver as capacidades de expressão.
• Promover métodos de
trabalho individual e colaborativo, observando princípios de convivência e
cidadania.
• Desenvolver o
espírito crítico face a imagens e conteúdos mediatizados e adquirir, com
autonomia, capacidades de resposta superadoras de estereótipos e preconceitos
face ao meio envolvente.
•
Desenvolver a sensibilidade estética, formando e aplicando padrões de exigência.
•
Desenvolver a consciência histórica e cultural e cultivar a sua disseminação.
Objetivos Gerais
• Usar o desenho como
instrumento de conhecimento e interrogação.
• Desenvolver modos
próprios de expressão e comunicação visuais utilizando com eficiência os
diversos recursos do desenho.
•
Dominar os conceitos estruturais da comunicação visual e da linguagem plástica.
• Conhecer, explorar
e dominar as potencialidades do desenho no âmbito do projecto visual e plástico
incrementando, neste domínio, capacidades de formulação, exploração e
desenvolvimento.
• Explorar diferentes
suportes, materiais, instrumentos e processos, adquirindo gosto pela experimentação
e manipulação, com abertura a novos desafios/ ideias.
• Utilizar
fluentemente metodologias planificadas, com iniciativa e autonomia.
• Relacionar-se
responsavelmente dentro de grupos de trabalho adotando atitudes construtivas,
solidárias, tolerantes, vencendo idiossincrasias e posições discriminatórias.
• Respeitar e
apreciar modos de expressão diferentes, recusando estereótipos e preconceitos.
• Desenvolver
capacidades de avaliação crítica e sua comunicação, aplicando-as às diferentes
fases do trabalho realizado, tanto por si como por outros.
• Dominar, conhecer e
utilizar diferentes sentidos e utilizações que o registo gráfico possa assumir.
• Desenvolver a
sensibilidade estética e adquirir uma consciência diacrónica do desenho,
assente no conhecimento de obras relevantes.
Conteúdos Programáticos
·
VISÃO - Percepção visual e mundo envolvente;
O meio ambiente como fonte de estímulos;
·
MATERIAIS – suportes e meios atuantes;
· PROCEDIMENTOS – técnicas e ensaios; processos
de síntese (prática de desenho que envolva uma aplicação de prévios ganhos
analíticos e de princípios conceptuais, implicando também os conceitos de
conhecimento, capacidade, aplicação);
· SINTAXE – Conceitos estruturais da linguagem
plástica: forma pontual, forma linear, forma pluridimensional, textura, escala,
espaço, ritmo, equilíbrio, movimento e unidade; Domínios da linguagem plástica;.Forma
(Figura positiva e figura negativa: figura e fundo, forma e informe, limite,
contorno e linha); Plano e superfície; Linhas (medianas, diagonais, oblíquas); Centro,
campo e moldura; Espaço e volume; Organização da profundidade; Organização da
tridimensionalidade;
· SENTIDO – Visão sincrónica do desenho; Visão
diacrónica do desenho; Imagem: plano de expressão ou significante; Observador:
plano de conteúdo ou significado.
Competências
· MANIPULAR E SINTETIZAR – o aluno estará apto
a aplicar procedimentos e técnicas com adequação e correção e a criar imagens
novas. Estará em evidência a capacidade de síntese, quer por tratamento da soma
de experiências, quer por aplicação de princípios, ideias, métodos ou conceitos
no domínio das operações abstractas. Pressupõe o exercício de sentido crítico,
de método de trabalho e a integração num projeto que responda a necessidades da
pessoa e do seu contexto, estando implicado o estabelecimento prévio de uma
base de conhecimentos que qualifiquem informadamente as respostas.
· INTERPRETAR – o aluno conseguirá ler
criticamente mensagens visuais de origens diversificadas e agir como autor de
novas mensagens, utilizando a criatividade e a invenção em metodologias de
trabalho faseadas. Esta competência pressupõe um domínio crescente nos
processos de interpretação e de sentido assentes num “pano de fundo”
culturalmente informado.
Metodologia
“Concretiza-se a
aprendizagem do desenho através do «aprender fazendo», encarado de modo
integrado e sem prejuízo da transmissão oportuna e sistemática de
conhecimentos. (...) Trata-se de potenciar a utilização simultânea de conceitos
e de os fazer concorrer para o objetivo prático que constitui cada trabalho. (Ramos ,
2001, p. 16) Como previsto no programa oficial da disciplina, o
ensino-aprendizagem envolve professores e alunos em diálogo, dando-se a
aprendizagem dos conteúdos através de exercícios práticos, segundo o acompanhamento sistemático do professor, na
realização dos exercícios.
Os enunciados serão acompanhados
por imagens de trabalhos de artistas, que de alguma forma ajudam o aluno a
entender como se pode processar o ato criativo que será pedido. A imagem é
usada para sugestionar e para fomentar a sensibilidade estética e artística dos
alunos, mas também para apoiar a validade dos conceitos trabalhados, ao nível artístico
e estético.
Existe uma sequência
entre conteúdos, imagens e exercícios – uma das muitas possíveis – assumindo-se
esta unidade como um espaço de exploração e descoberta e também de
questionamento; a sequência foi feita de modo a que essas descobertas fossem
uma mais-valia em si e também em relação ao projeto a decorrer nas atividades
letivas destes alunos.
Unidade Didática Desenhar no Espaço
Objetivos Específicos
· Conhecer a importância e o sentido do desenho na arte contemporânea;
· Perceber a possibilidade de desenhar no espaço;
· Desenhar no espaço tridimensional, tomando consciência da passagem por diferentes processos: “sair do papel”; “desenhar no espaço”; “o corpo a desenhar no espaço”.
O intuito é que os alunos usem intencional e conscientemente os elementos estruturais da linguagem plástica neste âmbito. Assim, vão conhecer novas formas de fazer e de encarar o processo criativo. Ao pedir-se algo num contexto diferente do comum (fora da superfície delimitada por duas linhas horizontais e duas verticais), incentiva-se um olhar menos acomodado, mais atento e mais desperto, mais incidente sobre cada meio de composição e de expressão que os alunos possam usar.
Para tal, surgiu a ideia de conceber uma sequência de
exercícios de caráter exploratório que possibilite, por um lado, a construção e partilha de novas consciências acerca do desenho e, por outro, uma aventura para além do
que é convencionalmente entendido por desenho, explorando a elasticidade do(s)
conceito(s) e práticas do desenho e a sua relação com outras áreas artísticas,
como a pintura, a escultura, a fotografia, a instalação ou a performance.
Apresentam-se como referências nesta exploração os processos de
criação de alguns
artistas que durante o século passado e o presente protagonizaram as
transformações nos modos de fazer e entender a arte em geral e o desenho em
particular, contribuindo para o seu perpétuo movimento de transgressão de si
própria, esse sair dos seus limites para mais se aproximar do que é. Apresentam-se imagens que podem mostrar aos alunos desenhos que saem da superfície do papel e ocupam o espaço, que mostram como
cada elemento estrutural da linguagem plástica pode existir, desenhado, mas sem
que exista o suporte convencional.
Estas imagens são usadas para sugestionar e estimular os alunos para a exploração de dimensões que habitualmente não são incluídas nos seus trabalhos de desenho. Convidam também ao conhecimento de uma história recente ao nível da arte e da estética, que infelizmente não constam na maioria dos percursos escolares dos alunos – mesmo ao nível da história da arte menos recente, os conhecimentos dos alunos são mínimos e os conteúdos estão a desaparecer dos currículos do ensino secundário. Traz-se, assim, ao universo de conhecimentos destes alunos mais exemplos (além da Arte Urbana, que foi alvo de pesquisa no projeto em curso) em que se pratica desenho no espaço. Impulsiona-se uma nova abordagem transdisciplinar, especificamente ao nível da disciplina do desenho.
Estas imagens são usadas para sugestionar e estimular os alunos para a exploração de dimensões que habitualmente não são incluídas nos seus trabalhos de desenho. Convidam também ao conhecimento de uma história recente ao nível da arte e da estética, que infelizmente não constam na maioria dos percursos escolares dos alunos – mesmo ao nível da história da arte menos recente, os conhecimentos dos alunos são mínimos e os conteúdos estão a desaparecer dos currículos do ensino secundário. Traz-se, assim, ao universo de conhecimentos destes alunos mais exemplos (além da Arte Urbana, que foi alvo de pesquisa no projeto em curso) em que se pratica desenho no espaço. Impulsiona-se uma nova abordagem transdisciplinar, especificamente ao nível da disciplina do desenho.
Em três aulas/sessões, vamos visitar o trabalho de vários artistas e realizar exercícios em que os alunos poderão desenvolver o seu domínio de diferentes linguagens plásticas.
SESSÃO I .
DESENHO
A SAIR DO PAPEL
Tomamos como primeira referência o trabalho de Helena Almeida, Desenho
Habitado (1977). A artista trabalha o léxico próprio do desenho, por
isso a sua obra «Desenhos Habitados» serve de ponto de partida para nos
questionarmos acerca do desenho, que poderá sair do papel para o espaço. Além
deste trabalho, outras obras de Helena Almeida servem como exemplo. É através
da compreensão dessa linguagem que a humanidade pode ligar-se ao desenho e, em
consequência, à própria arte. Helena Almeida faz-nos olhar a gramática que articula
essa linguagem, que usa formas como se usam palavras ou frases para lhes dar o
sentido correto: a ‘gramática visual’.
A ideia será entender, aqui, a importância dos “(...) fatores
sem os quais o discurso pitórico não se realiza, não se forma, não se
significa.” (Sousa, 1977, p. 9).
Vamos pensar como o desenho no espaço poderá
ser uma forma de conferir uma imagem, ou mesmo uma presença mais forte, aos
elementos estudados.
EXERCÍCIOS:
1. Desenhar
com linha
Sinopse: Este exercício
destina-se a experimentar a possibilidade de desenhar com vários tipos de
linhas, no espaço tridimensional. O que fazemos com uma linha que já não tem o
apoio de uma superfície bidimensional?
Cada aluno terá de resolver
como criar o seu desenho, com os materiais dados, numa pequena área, definida
no espaço da sala de aula.
Materiais: Fios/ Linhas, Arame,
Fitas adesivas
Conteúdos envolvidos:
Materiais, Procedimentos, Sintaxe, Sentido.
2. Desenhar
com mancha
Sinopse: Vamos em seguida construir
um desenho usando a mancha, além da linha. Tenta-se perceber como se podem
criar manchas a partir da linha e também recorrendo a outros materiais, como
papéis ou tecidos. Cada aluno terá de resolver como criar o seu desenho, com os
materiais dados, podendo transformá-los para alcançar o que é proposto, numa
pequena área, definida no espaço da sala de aula.
Materiais: Marcadores,
Guache, Pincéis, Trinchas, Tesoura, Cola, Fios/ Linhas, Arame, Papéis, Tecidos,
Fitas adesivas.
Conteúdos envolvidos: Materiais,
Procedimentos, Sintaxe, Sentido.
3. Fotografia
como registo documental | como elemento construtivo de desenho
Depois de concluído cada
desenho, é pedido que os alunos registem as suas intervenções, utilizando a
fotografia como meio de documentação. Posteriormente, é pedido que criem uma
imagem, através da fotografia, a partir da intervenção realizada, utilizando
agora a fotografia como elemento construtivo da imagem.
Materiais: Máquina fotográfica,
computador.
Conteúdos envolvidos:Procedimentos,
Sintaxe, Sentido.
Para olhar o desenho no espaço vamos observar obras de Ângelo de
Sousa e de Charley Peters. O desenho “(...) atravessa, e não raramente
estrutura, quase toda a atividade de Ângelo de Sousa nos domínios da pintura e
da escultura.” (Faria; Wandschneider,1999, p. 49) O desenho é também
praticado como disciplina autónoma pelo artista, numa experimentação que incide
sobre as possibilidades da linha e da cor enquanto elementos expressivos,
valendo por si mesmos, como construtores de formas. Como exemplos tomamos as
suas “esculturas de fitas de aço inoxidável, feitas entre 1968 e 1972, em que
as linhas parecem saltar do papel para se materializarem no espaço. Nestes
casos, a distinção entre pintura e desenho, ou entre escultura e desenho,
deixa de fazer sentido.” (p. 49) “Na realidade, o desenho põe em jogo um
princípio construtivo primordial na sua obra, que consiste em partir do mais
simples (uma linha) para abordar o que é complexo (as formas). (...) um mesmo
elemento (uma fita metálica) é multiplicado e agregado na construção de formas
progressivamente mais elaboradas que, todavia, deixam ver o elemento original e
o processo de construção.” (p. 49)
Charley Peters é uma artista contemporânea que assume os seus
desenhos no espaço, fá-los e refere-se a eles como tal. “The geometric 3-Dimensional construction – a drawing
in space – is a physical interpretation of the linear movements suggested in
the earlier ink drawings (…).” (Peters, 2012) Recorre-se ao
seu trabalho como testemunho do desenho no espaço e da sua pertinência no
panorama da arte contemporânea. Um trabalho que vive do/no processo de
exploração do desenho, do espaço e do valor dos materiais, que reforça o que
foi observado no trabalho dos artistas anteriormente apresentados: a atenção
elementos formais, primordiais do desenho como linguagem, no espaço.
“For Peters,
drawing is a tool for active engagement and response – a reflexive and
open-ended medium, which, through her practice, is constantly evolving in
reaction to material and spatial concerns.” (in http://charleypeters.com)
Vamos perceber como podemos fazer uma composição no espaço, como
o desenho se pode transcender e aumentar exponencialmente a sua expressividade.
EXERCÍCIOS:
1. Desenho livre no espaço
Neste exercício é pedido aos alunos que desenhem, apropriando-se livremente do espaço da sala, a partir dos vários materiais disponibilizados. Terão que criar uma composição com linhas e manchas, formas que podem ser criadas através da utilização expressiva da linha, repetindo-a, sobrepondo-a, ou recorrendo a manchas feitas com outros materiais.
Pode também incluir volumes, através da apropriação objetos existentes no espaço, ou outros criados pelos alunos, isto é, novas formas tridimensionais, desenhadas em 3D.
Materiais: Marcadores, Guache, Pincéis, Trinchas, Tesoura, Cola, Fios/ Linhas, Arame, Papéis, Tecidos, Fitas adesivas, Objetos.
Conteúdos envolvidos: Materiais, Procedimentos, Sintaxe, Sentido.
2. Fotografia como registo documental | como elemento construtivo de desenho
Depois de concluído cada desenho, é pedido que os alunos registem as suas intervenções, utilizando a fotografia como meio de documentação. Posteriormente, é pedido que criem uma imagem, através da fotografia, a partir da intervenção realizada, utilizando agora a fotografia como elemento construtivo da imagem.
Materiais: Máquina fotográfica, computador.
Conteúdos envolvidos: Procedimentos, Sintaxe, Sentido.
SESSÃO III . O CORPO
A DESENHAR NO ESPAÇO
KLAUS RINKE

TONY ORRICO

TEATRO NEGRO

As referências para este momento são os trabalhos dos artistas
Klaus Rinke e Tony Orrico e ainda o Teatro Negro. Vamos também revisitar
imagens do trabalho de Helena Almeida, dos últimos anos. Depois de construídas
composições de formas no espaço, surge o desafio de incluir também o corpo no
desenho. Os artistas agora mostrados fazem-no: usam (os) corpos no espaço para
desenhar, ora através do registo fotográfico, em sequências que adicionam
movimento e tempo a estes desenhos – Klaus Rinke –; ora usando o corpo como
‘riscador’, cristalizando performances em papel colocado no chão ou em paredes,
desenhos que aconteceram devido ao movimento sistemático e preciso do corpo
que, quase demonstrando fórmulas matemáticas, também desenha – Tony Orrico; ora
sendo o corpo a própria forma do desenho, um desenho que se move e muda de
composição a cada instante, ou não – Teatro Negro. O Teatro Negro é mais uma
manifestação (em movimento) de como o corpo pode desenhar no espaço. Se
observarmos frames de um vídeo, são como desenhos, composições. A cada momento
se substitui o desenho em cena por um outro desenho, através do aparecimento de
corpos iluminados na ‘superfície’ do palco, ou seja, no espaço iluminado em que
aparecem as formas feitas de corpos, perante o espetador.
Vamos entender como usar o corpo como elemento pictórico e como
meio atuante para desenhar no espaço.
EXERCÍCIOS:
1. O corpo como elemento pictórico
Dando
continuidade à apropriação da realidade exterior iniciada no exercício
anterior, é pedido aos participantes que utilizem o corpo como elemento
pictórico em articulação com o registo fotográfico, podendo também recorrer a
outros materiais disponibilizados. O exercício poderá ser realizado
individualmente ou em
grupo.
Materiais:
Marcadores, Guache, Pincéis, Trinchas, Tesoura, Cola, Fios/ Linhas, Arame,
Papéis, Tecidos, Fitas adesivas, Objetos, Máquina fotográfica, Computador.
Conteúdos
envolvidos: Materiais, Procedimentos, Sintaxe, Sentido.
2. Travessia
Neste
exercício (que faz parte também do workshop Desenho, em
Questão) procura-se estabelecer uma relação estreita entre a
ação de desenhar e o movimento do sujeito no espaço, de forma a que um implique
necessariamente o outro. É pedido aos alunos que ocupem uma zona na extermidade
da folha, que cobre grande parte do chão. De seguida, é lançado o desafio de
chegarem à extremidade oposta da folha, com a condição de só se poderem
movimentar desenhando sobre a folha. É pedido aos participantes que respondam
ao desafio de uma forma original e menos óbvia. O desenho acaba por surgir como
meio para conseguir algo, neste caso atravessar a folha de uma forma inventiva.
Materiais:
Papel de cenário, Grafites, Marcadores, fita adesiva.
Conteúdos envolvidos: Procedimentos, Sintaxe,
Sentido.
ATELIER DE PINTURA | aulas com a Sara
Aos sábados de manhã estou com a Sara num atelier de pintura. Eu diria mais atelier de artes plásticas, ou até laboratório! Dou várias aulas durante toda a manhã, com mais alunos mais velhos, mas começo sempre o dia com a Sara, que entrou no atelier com 7 anos. Por enquanto, é a única nesta turma, por isso acabam por ser aulas (muito) particulares, não só por ser apenas uma mas também porque esta única menina acaba por definir o rumo que cada aula leva. Passarei a explicar.
O essencial nestas aulas de pintura é o contato com os ‘materias da pintura’, é conhecê-los, experimentá-los, criar livremente a partir deles; mas entendemos aqui os ‘materiais da pintura’ como as técnicas, as linguagens, os diferentes processos de pesquisar, de desenhar, de pintar, de criar; correspondem também às matérias materiais propriamente ditas mas também tudo o resto que possa fazer parte das preocupações de um artista.
Em cada aula ou conjunto de aulas, há determinados ‘materiais’ que proponho trabalhar, fazendo uma introdução ao assunto e depois realizando um exercício/ uma sequência de exercícios. A introdução ao assunto é uma tentativa de pensar, em conjunto com a Sara, o que será determinado conceito ou tema, de refletir acerca de que formas é que este aparece em obras de arte, porque é que aparece e ainda, o que é que nos interessa a nós. Percebemos o que é? Gostamos? Não gostamos? Porquê? Estas questões são discutidas em conjunto com a Sara, mas, havendo mais alunos seria em conjunto com eles, num diálogo com mais intervenientes, que o faríamos.
A seguir, proponho exercícios que previamente defini, pois achei serem os indicados para, na linguagem e no universo de uma criança, ser possível trabalhar determinados conceitos.
Em cada aula ou conjunto de aulas, há determinados ‘materiais’ que proponho trabalhar, fazendo uma introdução ao assunto e depois realizando um exercício/ uma sequência de exercícios. A introdução ao assunto é uma tentativa de pensar, em conjunto com a Sara, o que será determinado conceito ou tema, de refletir acerca de que formas é que este aparece em obras de arte, porque é que aparece e ainda, o que é que nos interessa a nós. Percebemos o que é? Gostamos? Não gostamos? Porquê? Estas questões são discutidas em conjunto com a Sara, mas, havendo mais alunos seria em conjunto com eles, num diálogo com mais intervenientes, que o faríamos.
A seguir, proponho exercícios que previamente defini, pois achei serem os indicados para, na linguagem e no universo de uma criança, ser possível trabalhar determinados conceitos.
Depois, a partir de determinada altura, é a Sara quem decide de que é que a aula é feita; há de certa forma uma apropriação das ideias e até dos próprios exercícios que eu criei, porque se ela tomar a iniciativa eu deixo, às vezes, que decida como vai ser o seu exercício, a sua experiência: por mais que se definam e planifiquem as coisas a ensinar, temos que dirigir a ação de acordo com determinada situação, o que pode implicar alterações ao que estava previsto... Não poderia deixar de pensar em Schön (2000) e na reflexão-na-ação, pois é disso mesmo que se trata: dialogar com os materiais de uma situação, dirigindo a ação didática de acordo com as situações, previstas ou imprevistas, as "zonas indeterminadas da prática” (2000, p. 18), aspetos centrais na prática profissional. Esta surpresa leva a uma reflexão no “presente-da-ação” que se quer consciente e crítica: uma conversa com a situação em que coloco questões que antes não havia formulado. A partir daí, posso reestruturar as estratégias de ação previstas, o que levará a que no momento seguinte possa inventar algo melhor, ou então, numa situação futura, preparar uma aula ou determinado assunto de outra forma.
A aluna passa a ser ela criativa, levando mais longe do que eu própria imaginaria o que aprende. Eu ajudo um bocadinho, consciente de que estou a 'guiar' essa criação livre também de forma criativa, artística.
Geralmente cada ‘tema’ é apresentado a partir de imagens de trabalhos de artistas, na sua maioria contemporâneos, mas não só. Outras vezes proponho primeiro os exercícios e depois vemos como há verdadeiros artistas a criar coisas assim. A ideia não é só focar o artista em si e a aluna familiarizar-se com ele; é também, e essencialmente, que se perceba os seus propósitos, as suas maneiras de fazer, os seus processos de criação. Pretende-se que a própria aluna, depois de proposto determinado exercício acerca do assunto, decida como irá usar determinado conhecimento. E a principal ideia é que a criança apreenda tudo isto de uma forma pessoal, que lhe interesse e que seja construtiva de uma sensibilidade estética mais desenvolvida e também consciente.
No que toca a arte, sabemos já que o que caracteriza um objeto de artístico são as suas inerentes qualidades: a forma como o trabalho é organizado para incorporar a vivacidade, a intensidade e singularidade de uma ideia; qualidades que surgem necessariamente do compromisso individual na exploração da realidade. Por isso, cabe-me a mim, como professora e também como artista, ajudar os a compreender como outros artistas deram forma a ideias e sentimentos, como desenharam símbolos particulares para transmitir um significado, como usaram utensílios e materiais, mas no sentido de fazer com que cada aluno/ indivíduo encontre formas de materializar as suas próprias ideias e sentimentos. (Hausman, 1967, p. 14)
Pretende-se ajudar a que a aluna cresça, como possível artista, mas acima de tudo como pessoa criativa, como sujeito que agirá ativamente na sua sociedade e nela participará mais consciente da sua própria identidade.
A aluna passa a ser ela criativa, levando mais longe do que eu própria imaginaria o que aprende. Eu ajudo um bocadinho, consciente de que estou a 'guiar' essa criação livre também de forma criativa, artística.
Geralmente cada ‘tema’ é apresentado a partir de imagens de trabalhos de artistas, na sua maioria contemporâneos, mas não só. Outras vezes proponho primeiro os exercícios e depois vemos como há verdadeiros artistas a criar coisas assim. A ideia não é só focar o artista em si e a aluna familiarizar-se com ele; é também, e essencialmente, que se perceba os seus propósitos, as suas maneiras de fazer, os seus processos de criação. Pretende-se que a própria aluna, depois de proposto determinado exercício acerca do assunto, decida como irá usar determinado conhecimento. E a principal ideia é que a criança apreenda tudo isto de uma forma pessoal, que lhe interesse e que seja construtiva de uma sensibilidade estética mais desenvolvida e também consciente.
No que toca a arte, sabemos já que o que caracteriza um objeto de artístico são as suas inerentes qualidades: a forma como o trabalho é organizado para incorporar a vivacidade, a intensidade e singularidade de uma ideia; qualidades que surgem necessariamente do compromisso individual na exploração da realidade. Por isso, cabe-me a mim, como professora e também como artista, ajudar os a compreender como outros artistas deram forma a ideias e sentimentos, como desenharam símbolos particulares para transmitir um significado, como usaram utensílios e materiais, mas no sentido de fazer com que cada aluno/ indivíduo encontre formas de materializar as suas próprias ideias e sentimentos. (Hausman, 1967, p. 14)
Pretende-se ajudar a que a aluna cresça, como possível artista, mas acima de tudo como pessoa criativa, como sujeito que agirá ativamente na sua sociedade e nela participará mais consciente da sua própria identidade.
Mapas


O que são mapas? Para que servem? É curioso, mostram-nos a realidade vista de cima, assim vêmo-la de outra forma, vemos coisas que não conseguíamos ver de outra forma! Por exemplo, os percursos que se fazem (que até podem ser desenhos), as direções que se podem tomar para chegar a determinado sítio e ainda o sítio onde fica cada coisa no espaço e como ela é vista de cima...
TRABALHOS DE ARTISTAS



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O MEU QUARTO VISTO DE CIMA
ILHAS
Ponto, Linha, Plano, etc. ...
“Se, em «Desenho Habitado» eu vejo uma linha sair da folha de papel e ser segurada pela autora de múltiplas formas, se em «Para um enriquecimento anterior» eu vejo-a pintar no espaço e depois guardar e comer pedaços de cor azul, eu direi que Helena Almeida confere uma «imagem» à linha, à mancha e à cor.” (Vidal, 2009)
HELENA ALMEIDA






A Helena Almeida conseguiu 'pegar' nos pontos, nas linhas e nas manchas! Usa as formas de várias maneiras para produzir uma imagem, com determinado sentido... E se 'pegássemos' também em pontos que se unem, deslocam, repetem e formam uma composição? A Sara quis fazer pinturas desta forma... Afinal lembra-nos é o Kandinsky!
COMPOSIÇÃO Nº1
COMPOSIÇÃO Nº2
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