Aos sábados de manhã estou com a Sara num atelier de pintura. Eu diria mais atelier de artes plásticas, ou até laboratório! Dou várias aulas durante toda a manhã, com mais alunos mais velhos, mas começo sempre o dia com a Sara, que entrou no atelier com 7 anos. Por enquanto, é a única nesta turma, por isso acabam por ser aulas (muito) particulares, não só por ser apenas uma mas também porque esta única menina acaba por definir o rumo que cada aula leva. Passarei a explicar.
O essencial nestas aulas de pintura é o contato com os ‘materias da pintura’, é conhecê-los, experimentá-los, criar livremente a partir deles; mas entendemos aqui os ‘materiais da pintura’ como as técnicas, as linguagens, os diferentes processos de pesquisar, de desenhar, de pintar, de criar; correspondem também às matérias materiais propriamente ditas mas também tudo o resto que possa fazer parte das preocupações de um artista.
Em cada aula ou conjunto de aulas, há determinados ‘materiais’ que proponho trabalhar, fazendo uma introdução ao assunto e depois realizando um exercício/ uma sequência de exercícios. A introdução ao assunto é uma tentativa de pensar, em conjunto com a Sara, o que será determinado conceito ou tema, de refletir acerca de que formas é que este aparece em obras de arte, porque é que aparece e ainda, o que é que nos interessa a nós. Percebemos o que é? Gostamos? Não gostamos? Porquê? Estas questões são discutidas em conjunto com a Sara, mas, havendo mais alunos seria em conjunto com eles, num diálogo com mais intervenientes, que o faríamos.
A seguir, proponho exercícios que previamente defini, pois achei serem os indicados para, na linguagem e no universo de uma criança, ser possível trabalhar determinados conceitos.
Em cada aula ou conjunto de aulas, há determinados ‘materiais’ que proponho trabalhar, fazendo uma introdução ao assunto e depois realizando um exercício/ uma sequência de exercícios. A introdução ao assunto é uma tentativa de pensar, em conjunto com a Sara, o que será determinado conceito ou tema, de refletir acerca de que formas é que este aparece em obras de arte, porque é que aparece e ainda, o que é que nos interessa a nós. Percebemos o que é? Gostamos? Não gostamos? Porquê? Estas questões são discutidas em conjunto com a Sara, mas, havendo mais alunos seria em conjunto com eles, num diálogo com mais intervenientes, que o faríamos.
A seguir, proponho exercícios que previamente defini, pois achei serem os indicados para, na linguagem e no universo de uma criança, ser possível trabalhar determinados conceitos.
Depois, a partir de determinada altura, é a Sara quem decide de que é que a aula é feita; há de certa forma uma apropriação das ideias e até dos próprios exercícios que eu criei, porque se ela tomar a iniciativa eu deixo, às vezes, que decida como vai ser o seu exercício, a sua experiência: por mais que se definam e planifiquem as coisas a ensinar, temos que dirigir a ação de acordo com determinada situação, o que pode implicar alterações ao que estava previsto... Não poderia deixar de pensar em Schön (2000) e na reflexão-na-ação, pois é disso mesmo que se trata: dialogar com os materiais de uma situação, dirigindo a ação didática de acordo com as situações, previstas ou imprevistas, as "zonas indeterminadas da prática” (2000, p. 18), aspetos centrais na prática profissional. Esta surpresa leva a uma reflexão no “presente-da-ação” que se quer consciente e crítica: uma conversa com a situação em que coloco questões que antes não havia formulado. A partir daí, posso reestruturar as estratégias de ação previstas, o que levará a que no momento seguinte possa inventar algo melhor, ou então, numa situação futura, preparar uma aula ou determinado assunto de outra forma.
A aluna passa a ser ela criativa, levando mais longe do que eu própria imaginaria o que aprende. Eu ajudo um bocadinho, consciente de que estou a 'guiar' essa criação livre também de forma criativa, artística.
Geralmente cada ‘tema’ é apresentado a partir de imagens de trabalhos de artistas, na sua maioria contemporâneos, mas não só. Outras vezes proponho primeiro os exercícios e depois vemos como há verdadeiros artistas a criar coisas assim. A ideia não é só focar o artista em si e a aluna familiarizar-se com ele; é também, e essencialmente, que se perceba os seus propósitos, as suas maneiras de fazer, os seus processos de criação. Pretende-se que a própria aluna, depois de proposto determinado exercício acerca do assunto, decida como irá usar determinado conhecimento. E a principal ideia é que a criança apreenda tudo isto de uma forma pessoal, que lhe interesse e que seja construtiva de uma sensibilidade estética mais desenvolvida e também consciente.
No que toca a arte, sabemos já que o que caracteriza um objeto de artístico são as suas inerentes qualidades: a forma como o trabalho é organizado para incorporar a vivacidade, a intensidade e singularidade de uma ideia; qualidades que surgem necessariamente do compromisso individual na exploração da realidade. Por isso, cabe-me a mim, como professora e também como artista, ajudar os a compreender como outros artistas deram forma a ideias e sentimentos, como desenharam símbolos particulares para transmitir um significado, como usaram utensílios e materiais, mas no sentido de fazer com que cada aluno/ indivíduo encontre formas de materializar as suas próprias ideias e sentimentos. (Hausman, 1967, p. 14)
Pretende-se ajudar a que a aluna cresça, como possível artista, mas acima de tudo como pessoa criativa, como sujeito que agirá ativamente na sua sociedade e nela participará mais consciente da sua própria identidade.
A aluna passa a ser ela criativa, levando mais longe do que eu própria imaginaria o que aprende. Eu ajudo um bocadinho, consciente de que estou a 'guiar' essa criação livre também de forma criativa, artística.
Geralmente cada ‘tema’ é apresentado a partir de imagens de trabalhos de artistas, na sua maioria contemporâneos, mas não só. Outras vezes proponho primeiro os exercícios e depois vemos como há verdadeiros artistas a criar coisas assim. A ideia não é só focar o artista em si e a aluna familiarizar-se com ele; é também, e essencialmente, que se perceba os seus propósitos, as suas maneiras de fazer, os seus processos de criação. Pretende-se que a própria aluna, depois de proposto determinado exercício acerca do assunto, decida como irá usar determinado conhecimento. E a principal ideia é que a criança apreenda tudo isto de uma forma pessoal, que lhe interesse e que seja construtiva de uma sensibilidade estética mais desenvolvida e também consciente.
No que toca a arte, sabemos já que o que caracteriza um objeto de artístico são as suas inerentes qualidades: a forma como o trabalho é organizado para incorporar a vivacidade, a intensidade e singularidade de uma ideia; qualidades que surgem necessariamente do compromisso individual na exploração da realidade. Por isso, cabe-me a mim, como professora e também como artista, ajudar os a compreender como outros artistas deram forma a ideias e sentimentos, como desenharam símbolos particulares para transmitir um significado, como usaram utensílios e materiais, mas no sentido de fazer com que cada aluno/ indivíduo encontre formas de materializar as suas próprias ideias e sentimentos. (Hausman, 1967, p. 14)
Pretende-se ajudar a que a aluna cresça, como possível artista, mas acima de tudo como pessoa criativa, como sujeito que agirá ativamente na sua sociedade e nela participará mais consciente da sua própria identidade.
Mapas


O que são mapas? Para que servem? É curioso, mostram-nos a realidade vista de cima, assim vêmo-la de outra forma, vemos coisas que não conseguíamos ver de outra forma! Por exemplo, os percursos que se fazem (que até podem ser desenhos), as direções que se podem tomar para chegar a determinado sítio e ainda o sítio onde fica cada coisa no espaço e como ela é vista de cima...
TRABALHOS DE ARTISTAS



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O MEU QUARTO VISTO DE CIMA
ILHAS
Ponto, Linha, Plano, etc. ...
“Se, em «Desenho Habitado» eu vejo uma linha sair da folha de papel e ser segurada pela autora de múltiplas formas, se em «Para um enriquecimento anterior» eu vejo-a pintar no espaço e depois guardar e comer pedaços de cor azul, eu direi que Helena Almeida confere uma «imagem» à linha, à mancha e à cor.” (Vidal, 2009)
HELENA ALMEIDA






A Helena Almeida conseguiu 'pegar' nos pontos, nas linhas e nas manchas! Usa as formas de várias maneiras para produzir uma imagem, com determinado sentido... E se 'pegássemos' também em pontos que se unem, deslocam, repetem e formam uma composição? A Sara quis fazer pinturas desta forma... Afinal lembra-nos é o Kandinsky!
COMPOSIÇÃO Nº1
COMPOSIÇÃO Nº2
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